Ministra reitera, em Natal, a importância de se valorizar a criação brasileira

28/08/2011 13:24

Em seu segundo dia de visita ao Rio Grande do Norte, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, falou na manhã deste sábado (27), em Natal, sobre a importância dos polos de economia criativa que serão criados no país, por meio de parcerias com os governos locais. “Esta é uma ação que visa organizar, articular e orientar os artistas, produtores, e agentes culturais em geral. Estamos fazendo mapeamentos, mas a ideia é que a criação brasileira seja valorizada, conhecida, reconhecida, distribuída e consumida”, enfatizou a ministra.

Ana de Hollanda deixou claro que esta é uma ação transversal, coordenada pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Economia Criativa (em fase de estruturação no MinC), junto com dezenas de outros órgãos, com o intuito de criar ações estruturantes para o setor cultural. Segundo ela, a iniciativa busca o desenvolvimento através da sustentabilidade.  “A nossa ideia é criar condições para que o agente cultural possa viver da sua produção com dignidade. E isso é essencial”, frisou.

Duas visitas

A ministra visitou neste sábado, na capital potiguar, o Teatro Sandoval Wanderley e o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, que funciona na casa onde viveu o pesquisador e folclorista Luís da Câmara Cascudo. Ela foi ciceroneada pela filha do escritor, Ana Maria Cascudo, e seus netos Daliana, Camila e Newton Cascudo, responsáveis pela administração da instituição.

A entidade tem por missão preservar, divulgar, gerenciar e capitalizar o patrimônio cultural deixado por Luís da Câmara Cascudo, que também foi antropólogo, historiador e jornalista. Na visita ao Instituto, a ministra foi acompanhada da governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, e de várias autoridades.

Reforma do teatro

Construído em 1962, o Teatro Sandoval Wanderley foi fechado no período da ditadura, depois reaberto e, atualmente, suas condições estruturais são críticas, apesar de, no local, ainda funcionar, precariamente, uma escola teatral.  Ao visitar o teatro, a ministra da Cultura foi recepcionada pelos bailarinos da Sociedade de Danças Antigas e Semi-desaparecidas Araruna, grupo norte-riograndense, fundado em 1956, com o intuito de preservar danças de origem ibérica.

Na ocasião, Ana de Hollanda afirmou que o MinC buscará mecanismos para a reforma estrutural necessária desse equipamento cultural. ”Vamos trabalhar, buscar parcerias e recursos, para ver se em 2012 conseguimos reformar o espaço. Estaremos cumprindo o nosso papel, deixando um teatro em ótimas condições para permitir a circulação e a produção cultural, não só do Rio Grande do Norte, mas de todo o Brasil”, ressaltou a ministra, ao considerar a importância de um teatro para a difusão da cultura brasileira, bem como para a formação de artistas e do público.

O projeto de revitalização do prédio está orçado em R$ 800 mil. O local necessita de reparos hidráulicos, elétricos, adequação do espaço para saída de emergência e acesso de idosos e deficientes, além de novos equipamentos de iluminação, sonorização, climatização e segurança.

Acompanharam a ministra até o teatro, o secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura (SAI/MinC), João Roberto Peixe, o assessor parlamentar do MinC, José Ivo Vannuchi, o chefe da Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura, Fábio Lima, a deputada federal Fátima Bezerra (PT/RN) e o chefe da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), Roberto Lima.

Folclore brasileiro

No Instituto Câmara Cascudo, a ministra Ana de Hollanda pôde conhecer a escrivaninha onde o historiador elaborava seus pensamentos e transformava-os em pesquisas, livros e artigos, protegido pelas imagens de um São Sebastião à moda nordestina, São Francisco de Pádua e São José de Botas. Os móveis, mantidos na mesma posição da época em que Luis da Câmara Cascudo ali viveu, fotografias de intelectuais e políticos amigos do escritor, como Monteiro Lobato e Jorge Amado, as paredes com assinaturas de personalidades brasileiras – como Ari Barroso, Gilberto Freyre, Villa Lobos e Juscelino Kubitschek – e coleções de artesãos de todas as origens, ornamentam a casa e encantam os visitantes.

Atualmente, o Ludovicus está digitalizando cerca de 40 mil documentos originais de Câmara Cascudo, os quais estarão disponíveis na instituição e na internet para consulta. O trabalho ainda está em fase de catalogação e indexação, e de acordo com Daliana Cascudo, deverá ser finalizado até o início de 2012.

Sempre acompanhada pela filha do escritor, Ana Maria Cascudo, e pelos netos Daliana, Camila e Newton, a ministra falou da sua admiração pelo folclorista e de suas impressões sobre o trabalho do instituto: “Minha vida inteira o tive como um referencial. Pesquisa séria sobre cultura popular e folclore é com Luís Câmara Cascudo. Quis conhecer de perto o Ludovicus e estou muito impressionada com a conservação da casa, o trabalho educativo, como também com a biblioteca e a digitalização que está em curso”.

Surpresa para Ana

Os parentes de Luís da Câmara Cascudo prepararam uma surpresa para Ana de Hollanda. Eles entregaram a ela cópias das dedicatórias enviadas por seu pai, o pesquisador Sérgio Buarque de Hollanda, nas publicações enviadas para o historiador potiguar. Segundo Ana Maria Cascudo, essa era uma forma de reavivar a lembrança de “tão importantes gênios da cultura brasileira”.

A ministra ficou visivelmente emocionada e declarou satisfação por conhecer a riqueza do Rio Grande do Norte. “Eu sabia que a cultura popular aqui era muito forte, mas também queria ver de perto e sentir os trabalhos que estão sendo feitos no estado, além de identificar quais trabalhos podem vir a ser

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